segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Sobre Liberdade e a experiência de vida de uma educadora.












O filme “Escritores da Liberdade” me deixou bastante emocionada,
fazendo- me perceber cada vez mais que a educação deve ser
contextualizada, ligada permanentemente com as histórias de vida
presentes na sala de aula. Se não for assim não se tem intervenção
social, a escola acaba por reproduzir o sistema capitalista e burguês,
excluindo quem é diferente, em especial os segmentos que
historicamente foram marginalizados, como, negros, índios, mulheres,
crianças e jovens.
          
Aquela cidade vivia em conflitos, os estudantes de diversas
etnias traziam para dentro da sala seus conflitos, não tinha como
deixar do lado de fora, pois fazia parte deles. Viver por um dia, já
era uma vitória. A política da escola e de todo o sistema escolar era
não debater essas questões na sala de aula. A professora rompeu esse
silêncio e ao invés de só depositar conteúdos programados no currículo
escolar, começou a conversar sobre o que tinha a ver com os jovens: as
gangues, a violência. A partir da escrita e reflexão das histórias
dolorosas e sofridas de cada um e cada uma começou a perceber que
existiam muitas coincidências, todos passavam pelas mesmas
dificuldades.
    
 Na nossa cidade e nosso sistema educacional burocrático as coisas
não são muito diferente.  Existem muitas “salas 203” nas escolas
públicas da periferia de Fortaleza, se voltarmos os nossos olhos para
EJA *, vamos ver que as histórias de vida são bem parecidas com as do
filme. Quem está na EJA geralmente são adolescentes e jovens em
conflito com a lei, envolvidos com o tráfico de drogas, estudantes que
foram expulsos da sala de aula “normal” por seu comportamento, na sua
maioria jovens negros.
    
 Trabalhar com a história de vida de educandos e educandas é
proporcionar uma sensibilização de todo o processo social, cultural e
histórico que percorreram, ajudando- os a entender a realidade na qual
estão inseridos, problematizando o futuro, saindo do determinismo,
criando novas possibilidades. A situação não pode ser vista como algo
fatal, “mas sim como uma situação desafiadora, que apenas limita.”
(FREIRE, p.85, 2005)
    



Um exemplo muito importante de ser relatado e socializado foi à
experiência da metodologia “Museu das Juventudes” desenvolvida com
jovens das periferias do Pici e Jangurussu, propiciada pela ONG
Diaconia. Cada jovem escreveu sua história de vida, através da Linha
do Tempo, depois teve que criar uma Cena- Fulgor, que representasse
toda sua trajetória existencial. Baseados nessas duas vivências cada
um e cada uma escreveu o Projeto de Si, projetando e planejando sonhos
para sua vida. A metodologia inspirou todos os jovens participantes
possibilitando criar estratégias de vida ligadas as questões
artísticas e poéticas do viver que quase sempre são marginalizadas
pelo sistema capitalista. Nascendo assim uma grande intervenção na
cidade, o Coletivo de Culturas Juvenis- CCJ Fortaleza.

     Muito embora essa não tenha sido uma experiência vivenciada em
uma sala de aula formal, no modelo bancário da educação, mas é uma
metodologia criada que pode sim ser experimentada e vivida nas salas
de aula, transformando-as em “salas- museus das juventudes”, criando
um museu vivo, com as histórias dos próprios educandos e educandas,
contando suas realidades, como sujeito da História.

           O principal mérito de transformar os alunos da EJA em
autores e autoras é proporcionar uma reflexão sobre sua herança
genética, social, cultural e histórica (FREIRE, p. 53, 1996), entendo
sua situação opressora, como uma situação desafiadora que pode ser
reconstruída com alegria, cores e sabores de justiça e igualdade,
lutando por direitos. Entendendo “que as coisas podem até piorar, mas
também que é possível intervir para melhorá-las.” (FREIRE, p. 52,
1996).

     O educador e a educadora devem estar atentos, pois cumprem um
papel fundamental na formação social, política, cultural, emocional e
histórica na vida desses jovens. Suas metodologias deve ser inovadoras
e motivadoras, incentivando- os a lutar por seus ideias e sonhos, com
os elementos que tem a ver com suas vidas, planejando o seu futuro com
o seu próprio projeto de vida.

       A afetividade na EJA é de tamanha importância, pois será
através das relações de afeto e confiança que os educandos e educandas
se sentiram seguros para socializarem suas histórias de vida,
entendendo que ali ninguém vai julgar, mas escutar, compreender e
possibilitar a construção de novos sonhos, de novos caminhos a serem
trilhados. Percebendo que naquele coletivo sua presença é de tamanha
importância, pois também contribui na percepção de vida dos outros
jovens com seus saberes específicos, com sua trajetória de vida.

     Certa vez uma professora da alfabetização de jovens e adultos, no
Jangurussu, grande periferia, me falou que os estudantes começaram a
faltar às aulas. Cansada de esperar e eles não aparecerem, resolveu
numa certa noite de aula, fazer um momento diferente, externo aos
muros da escola, reuniu todos que estavam na sala e saíram pela
comunidade, visitando de casa em casa, aqueles que não estavam indo
mais para escola. Depois disso a turma deu revigorada, trazendo de
volta aqueles que não estavam mais frequentando e criando laços
afetivos em toda a turma.

     Nós educadores e educadoras precisamos compartilhar novas
possibilidades, novas energias em sala de aula, aproveitando esse
tempo da escola, para possibilitar que os educandos e educandas
vivenciem vibrações positivas, diferente do que eles vivenciam fora da
escola, vinculados com suas histórias, fazendo se reconhecer como
importantes sujeitos construtores da história, em especial gerando a
alegria de viver com direitos respeitados, numa grande ciranda da
pluralidade onde cada um e cada uma é singular.


Abraços.


Por: Sávia Augusta **.



* EJA - Educação de Jovens e Adultos.
**Estudante do Curso de Pedagogia na UFC, Contadora de histórias  no Grupo Esteiras de histórias, participante do Grupo Maria das Vassouras e Samba pelo Samba e integrante Coletivo de Cultura Juvenis - CCJ Fortaleza.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Desmatamento na área do Parque Raquel de Queiroz.

A vegetação verde do Riacho Cachoeirinha, no Pici, foi derrubada no feriado do último final de semana, entre os dias 8 a 10 de junho. É mais um crime ambiental contra o lado oeste da cidade de Fortaleza. Esse espaço fazia parte do Projeto do Parque Raquel de Queiroz. 


Cadê o respeito aos Projetos que a própria Prefeitura paga pra fazer? Cadê a fiscalização da SECRETARIA REGIONAL TRÊS? Ou foi ela quem autorizou? Onde está a SEMAN? Terá sido ela que autorizou? E a SEMACE? Será que tem conhecimento? E a Prefeitura de Fortaleza concorda com isso? E a Câmara de Vereadores pra que é que serve? Haja desrespeito à população do lado Oeste da Cidade. Não dá pra acreditar que não haja corrupção do poder público num caso desse. Precisamos de ação do Ministério Público pra ir atrás disso.


Veja na imagem ao lado como era a área até o dia 8 de junho de 2012 e a outra imagem (acima), mostra o local como ficou, com o corte das árvores. Agora está só o barro, os tratores já arrancaram os troncos e tocos. O local era conhecido como Sítio Ipanema e fica localizado na Av. Perimetral, entre o Colégio Julia Jiffoni e o Centro de Cidadania Cesar Cals, na extrema dos bairros Pici e Dom Lustosa.



Por Leonardo Sampaio - Professor, pesquisador popular e membro do Movimento Pró Parque Rachel de Queiroz.

domingo, 21 de outubro de 2012

Vivência em Cavalo Marinho com o Bando Gambiarra no Pici!


Bando Gambiarra - de Teatro, Danças, Músicas e Pesquisas está retomando suas atividades de grupo e realiza nesse mês de novembro uma VIVÊNCIA EM CAVALO MARINHO, uma dança Brasileira da zona da mata das cidades de Recife, Paraíba e Alagoas. 

Estamos abrindo para interessad@s que deverão preencher a fixa em anexo e encaminhar de volta. A Vivencia acontecerá nas datas 10 E 17 DE NOVEMBRO (dois sábados seguidos) das 09h às 12h na Escola municipal Adroaldo Teixeira castelo, rua Alagoas – Planalto do Pici - Fortaleza-CE. 

Vale ressaltar que a atividade faz parte do campo de pesquisa teatral do Bando Gambiarra, não se trata de uma oficina, é uma vivencia com pessoas que tem experiencia no brinquedo.

Favor encaminhar para pessoas interessadas.

Jonas de Jesus
Bando Gambiarra de Teatro, Danças, Músicas e Pesquisas.
Contato: (85) 85118490

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Encaminhamentos do próximo Escambo em Fortaleza/CE.

Nos reunimos no Muquifo esse fim de semana agora que passou e pensamos isso:


Uma proposta de data pra fazer o ESCAMBO de 24 a 27 de janeiro de 2013.

Articulação com os grupos da Barra:

  • Um escambito no dia 24 de novembro;
  • Um outro escambito no dia 15 de Dezembro.
A idéia de fazer esse Escambo em Fortaleza é pra reunir a galera que faz arte de rua e que faz resistência cultural tanto na periferia como no interior, discutir sobre a a arte como trocas e vivencia publica e aberta. Enfim... Pensar manisfestos e discussões sobre de como a Copa do Mundo tá fudendo com a comunidades...

Pensamos em que poderia ser 4 dias mas é mais assim ó
O primeiro dia a tarde e a noite seria chegada da galera.
O segundo dia já começaríamos e ainda estariam chegando mais galera.

  • Roda de Conversas
  • Cortejos na Comunidade da Barra do Ceará
  • Apresentações;
  • Escambar
Terceiro dia:

  • Oficinas;
  • Apresentações nas Comunidades onde tem grupos que participam do Escambo e os que não participam mas fazem escambo também.
  • Escambar
Quarto dia

  • Roda de Conversa
  • E saída dos grupos.

Grupo de Trabalho (pessoas interessadas em fazer esse escambo em fortaleza até agora:

  • Ricardo;
  • Micinete;
  • Djaci;
  • Daniel;
  • Jonas;
  • Henrique;
  • José?
  • Leandson;
  • Murilo;
  • Anderson;
  • Jadiel;
  • Dalvanio
Por enquanto tem mais alguém por aqui que quer entrar nessa, manifestem-se...

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Fotos da peça "Mateus & Catirina em a Seca do Asfalto!" na II Festa de São Fco. da Entrada da Lua do Pici.

                                    Grupo Mukifo de Teatro após a apresentação
Foto: Jackeline França



O Grupo na Capela São Fco. da Entrada da Lua do Pici
Foto: Jackeline França



Mateus [Micinete] & Catirina [Anderson] no altar da Capela
Foto: Jackeline França


Catirina [Anderson] fazendo pose em frente ao altar da Capela de São Fco.
Foto: Jackeline França


 Micinete fazendo a maquiagem do Anderson no meio da rua
Foto: Jackeline França


 Cauã vestido na Burrinha antes da apresentação. TÁ NA FAMA!
Foto: Jackeline França



terça-feira, 2 de outubro de 2012

Samba Pelo Samba no Pici


Hoje tem Samba Pelo Samba na II Festa da São Francisco da Entrada da Lua, no Pici, a partir das 20:30h. A apresentação será atrás da Capela São Francisco que fica na Av. Perimetral ao lado do CSU César Cals. Apareçam!


SambaPeloSamba